Copa do Mundo em ano eleitoral, privilégio ou maldição?!
Mais um ano eleitoral, este coincidente com a Copa do Mundo sediada pelo Brasil. O clima não é de Copa nem pré-eleitoral, eventos extremamente importantes para nosso país, ambos carecem de motivação, participação popular, da sociedade brasileira que parece entorpecida e descrente com recorrentes escândalos, denúncias de corrupção e movimentos populares desencontrados, estes últimos sem objetivos claros. Incrédulos, os eleitores ainda nem se deram conta da importância do exercício da soberania popular, quer pelo direito de cidadania para acompanharem e torcerem pela seleção nacional, muito menos pelo festejado e sagrado direito do voto.
O tempo é curto para os eleitores definirem quais serão seus legítimos representantes nos governos estaduais, Assembleias Legislativas, Congresso Nacional e, principalmente, para o cargo máximo do Estado brasileiro: a Presidência da República. Resta claro que a sucessão presidencial prevalece na mídia concorrendo com as notícias de campeonatos internacionais, regionais e o evento histórico, ansiosamente, aguardado pelo povo brasileiro, o de sediar o maior evento esportivo do planeta: a 20ª edição da Copa do Mundo de Futebol.
Os eleitores, desafortunadamente, se mostram apáticos, indiferentes ao privilégio de poderem escolher seus representantes. Orbitam ao redor de informações relevantes, que irão certamente influenciar seus interesses primários, como satélites em torno de um planeta central. Uma minoria consciente e alguns
curiosos, ou diretamente afetados, tentam obter maiores esclarecimentos sobre o nosso quadro político partidário e a real situação econômico-financeira.
Desinteressados ou desinformados, não resta apenas esperar o tempo passar, é relevante que a população exerça a cidadania em sua plenitude, confira o histórico político dos candidatos e vá às urnas, no dia 5 de outubro, confiante na sua escolha.
O voto é o principal agente de mudança da sociedade. Todos os escândalos políticos que foram descobertos nos últimos anos devem servir de exemplo para escolhermos melhor nossos representantes. A Lei Complementar nº 135/2010, também conhecida como Lei Ficha Limpa, amplia a visão do eleitor sobre o histórico dos candidatos.
Lançada em abril de 2008, com o objetivo de melhorar o perfil dos candidatos e candidatas a cargos eletivos do País, a Lei Ficha Limpa divulga, por meio da mídia escrita e eletrônica, a lista de candidatos réus ou condenados, por um colegiado, em processos judiciais, facilitando a escolha do eleitor indeciso,
fortalecendo a confiança em seu voto.
A população, motivada principalmente pelas denúncias envolvendo políticos, tem ficado desencantada com o voto. Porém, não podemos ficar imobilizados, muito pelo contrário: isso faz com que tenhamos que ler mais, participar mais, sobre tudo que está a nossa volta. A falta de informação é o nosso pior inimigo e fortalece a despolitização do processo político. E, assim, os oportunistas aproveitam-se da ignorância popular para comprar votos e manipular informações para conquistar o poder.
Oxalá o Brasil se torne hexacampeão e tenhamos a melhor eleição de toda a história, da novel democracia brasileira, com a maior participação popular possível, com o voto consciente a fim de, não só preservar as instituições democráticas, bravamente conquistadas, como ampliar suas influências sobre o
promissor Estado brasileiro.
Publicado em: Diário da Manhã Data: 05/06/2014
Link: http://www.dm.com.br/texto/179276.